terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Quando eu tiver oitenta anos



Quando eu tiver oitenta anos
Quero um pouso tranquilo
Dessa encarnação.
Bastam os suspiros
Um sono sempre tranquilo
E a flor que cultivei
A minha vida inteira:
Jardim de uma vida só.
Que a pena me seja leve
Depois daquela fronteira
Que a morte faz frente
E eu sua passageira.
Quero ir junto ao vento
Qual asa duma borboleta
- Um dia trabalho muito,
Duma leve beleza,
Num outro já não mais serve.
Quando eu tiver oitenta anos
- O tempo terá sido fiel –
Colherei a minha flor
Pétala por pétala
E as repartirei
Entre os meus diletos:
Terei partido jardineira
Como eu sonhava
Quando não tinha esse peso nos olhos.


de Jaquelyne de Almeida Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário